Sobre “Uma pequenina luz”

 (Breve comentário de Lucas Laurentino, UFRJ)

Viver em tempos sombrios sempre foi um dos maiores desafios para aqueles que lutam e apostam na liberdade de pensamento, na convivência pacífica, na tolerância e superação de preconceitos. No entanto, como diz Hannah Arendt, “Os tempos sombrios, pelo contrário, não só não são novos, como não constituem uma raridade na história.”

Jorge de Sena, enquanto cidadão e escritor politicamente atuante, teve de enfrentar mais de uma vez as ameaças dessas sombras que se mostravam sob as formas da repressão, da censura, do silenciamento. Mas, ainda com Arendt, “que mesmo no tempo mais sombrio temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação pode bem provir, menos das teorias e conceitos, e mais da luz incerta, bruxuleante e frequentemente fraca que alguns homens e mulheres, nas suas vidas e obras, farão brilhar em quase todas as circunstâncias e irradiarão pelo tempo que lhes foi dado na Terra.” Sena é uma dessas “luzes bruxuleantes” cuja escrita poética nos comove e dá forças para seguir reivindicando um mundo em que a “honra de estar vivo” seja sempre a principal meta.

Tendo em mente tais reflexões, aqui trazemos a leitura de “Uma pequenina luz” (do livro Fidelidade), na voz do poeta: